No último sábado, 1 de dezembro, o Bicicleta é amor organizou a Pedalada Gentil do Fim do Mundo em Porto Alegre, junto com o vereador e ciclista Marcelo Sgarbossa e com uma mãozinha dos coletivos culturais Casa Fora do Eixo e da Casa de Cultura Digital. A Pedalada fez parte da programação do Festival 24 Horas para o Fim do Mundo, uma iniciativa muito legal que promoveu vários eventos de música, arte, moda, bem estar e cultura pela cidade.




E o que essa pedalada tinha de gentil? Ora, ela convocou a simpatia e bom humor de gente do bem, disposta a participar de uma ação simples de gentileza pra pedir mais amor no trânsito e o uso compartilhado dos espaços urbanos: a entrega de um doce com essa mensagem aí embaixo para pedestres e motoristas que cruzassem o nosso caminho.




Foi o que fizemos, mas eu, que queria tocar a cidade com um gesto amável, fui pega de surpresa por aquele velho mantra "Gentileza gera Gentileza", e acabei recebendo muito mais carinho do que acredito ter proporcionado. Esse post é pra registrar e valorizar as pequenas emoções que tocaram delicadamente o coração desse projeto (e dessa guria que está nos bastidores fazendo a roda girar). Não sei se as pessoas que participaram entenderam as felicidades que me proporcionaram. A presença de cada um foi importante, mas preciso registrar os meus picos de gratidão.

Em nome de um trânsito mais legal, de fazer o bem, ou mesmo de participar de um programinha buena onda no sábado à tarde, uma galera apareceu pra pedalada que só foi confirmada na última hora, quando São Pedro resolveu dar uma trégua sem oferecer grandes garantias dessa boa vontade repentina. Essa foi a primeira coisa que me emocionou: essas pessoas que eu até então nunca havia visto apareceram pra fazer tudo acontecer. Um aviso do moço Henrique Weyne mais cedo na página do evento dizendo que viria mesmo debaixo de chuva já tinha me devolvido a empolgação que a garoa tentou roubar e quando pensei que o público seria praticamente nulo, vi os corações que preparei pra identificar e enfeitar as bicicletas participantes se acabando rapidamente.

Minha próxima grande felicidade foi ver ali os meus amigos de fé que gastaram as pernocas pedalando no Massa Crítica pela primeira vez no dia anterior, onde também preparei uma surpresinha, firmes, fortes e cansados pra me acompanhar numa segunda rodada de pedal. Raquel Scodro e Felipe Graff, sem palavras pra vocês!

Outra delicadeza absurda veio do Bruno Mallmann, que podia muito bem virar garoto propaganda do passeio por ser o menino mais gentil que eu já conheci. Ele chegou me perguntando quem organizava aquilo tudo e explicando que tinha vontade de ajudar, mas não sabia como, tentou até oferecer uma doação pra valorizar o trabalho e se sentir parte daquilo. Ajuda de custo não era o objetivo ali, mas coloquei ele pra trabalhar, explicar o objetivo da pedalada pra quem ia chegando e ele fez isso melhor que eu mesma, com uma simpatia que só vendo. Obrigada, guri, dessa tua queridice eu não vou esquecer.

Depois chegou a Marília Saldanha pra me deixar toda serelepe. Ela veio me perguntando a que horas seria dada a largada, pra ela poder alugar uma bicicleta na hora certa. Sim, ele apareceu na pedalada querendo participar, mesmo sem ter uma bicicleta. Como não amar? Palmas pra ti, moça.

E o Marco Di Martino? Um querido de um moço tímido, que vendo os pirulitos que preparei pra serem entregues a quem cruzasse o nosso caminho, me olhou e disse: "Eu não sou bom nisso, não gosto de abordar as pessoas, tenho vergonha... Mas me dá aqui, vou tentar." E ele insistiu em se desafiar mesmo quando o deixei à vontade pra apenas seguir a pedalada. Fiquei emocionada quando terminamos o trajeto e ele me disse: "Pronto, entreguei o último!" Sério! Sério.

Marcelo Sgarbossa, claro, garantiu que tudo corresse bem e se converteu na empatia em pessoa quando desceu da bicicleta pra me acompanhar a pé na única (porém cruel) subida do percurso. Não tive pernas suficientes pra encarar, mas em minha defesa posso dizer que a Cecília não tem marchas e eu estou longe de ter um preparo de atleta. O importante é que não fiquei sozinha :).

Vontade de abraçar também os velhinhos do Bom Fim, que respondiam felizes aos nossos cumprimentos de boa tarde por onde passávamos. Com isso, toda a doçura que a gente distribuiu voltou pra nós, né?

Quem fez o trajeto até o final acabou assistindo a um showzinho na grama da Redenção e batendo um papo com os novos amigos até que os sapos do parque começassem a rir da gente.

Se conseguimos introjetar a ideia de que todos, ciclistas, motoristas, pedestres, podemos aproveitar juntos a nossa cidade e cuidar uns dos outros, ainda não sei, mas acredito que quem se envolveu nessa aventura saiu um pouquinho transformado (e eu sou a primeira), entendeu a mensagem e vai tentar levar adiante. De gentileza em gentileza, agora aprendi, conseguimos transformar o nosso entorno. Só me resta dizer um grande obrigada pra essa gente boa!



























 


Fotos de Casa Fora do Eixo Porto Alegre, Raquel Scodro, Bruna Guterres, Kin Viana e Bicicleta é amor.



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